sexta-feira, 5 de março de 2010

As "pegadas" de Compostela

A Vieira de Santiago ou Concha de Santiago é o símbolo mais representativo do Caminho. Ele se apresenta sob diversas formas como bronze, cerâmica, de etiquetas, gravuras, etc., sendo o sentido a seguir indicado pelos “dedos” da vieira, ou seja, o lado aberto da concha indica a direção de Santiago de Compostela.



Com o passar dos anos, a concha deixou de ser eficaz em termos de sinalização do Caminho. Devido à tendência dos peregrinos levarem estes objetos como “recuerdo”, eles foram desaparecendo pouco e pouco. Entretanto, depois de o Caminho de Santiago ter sido classificado como Itinerário Cultural do Conselho da Europa, foi criada uma concha estilizada amarela sobre fundo azul foi assumida como símbolo identificador europeu do Caminho de Santiago. Assim, esta concha passou a ter carácter de logotipo oficial, identificando apenas a presença do Caminho de Santiago. Deste modo, este logotipo mantém sempre a mesma posição, deixando agora de indicar qualquer direção. Esta situação veio causar alguma confusão entre os peregrinos menos avisados, uma vez que os “dedos” da concha podem agora indicar uma direção bastante diferente daquela que é a verdadeira direção do Caminho de Santiago. Existe apenas um local cuja vieira na placa marca “dedos” apontando para baixo, mas neste caso há uma justificação: ela está em Finisterra, o fim do Caminho (e o Fim da Terra) lembrando que, na verdade, o Caminho não termina em Santiago de Compostela onde está enterrado os restos mortais do apóstolo Tiago, e sim até Finisterra por onde os restos mortais do Santo teriam chegado vindos do mar.



Outra identidade de grande relevância, são as “Flechas Amarillas” ou setas amarelas, começaram a ser pintadas em 1980 pelo Padre Elías Valiña Sanpedro, Pároco do Cebreiro, a primeira localidade galega do Caminho Francês. Desde então, foram-se espalhando por todos os caminhos e atualmente são o meio mais seguro de seguir o Caminho de Santiago sem grandes preocupações. A razão porque as setas são amarelas e não de outra cor, tem também uma explicação: elas começaram por ser pintadas com o resto da tinta de marcação de umas obras na estrada, que os trabalhadores ofereceram ao Padre Elías.

Essas indicações são indispensáveis aos peregrinos, mas, muito mais do que isso é a simbologia que tudo isso envolve. Sendo tão milenar esta rota, cada placa ou marca traz consigo a história de inúmeras peregrinações, de sentimentos repletos de fé e persistência, não apenas por indicar a direção para o grande encontro frente ao túmulo do apóstolo Tiago, mas para um encontro ainda maior: o encontro consigo mesmo!

Postado por Luciana