quarta-feira, 14 de julho de 2010

Se o Fim do Mundo fosse assim...







Chegar a Finisterra, o "Fim da Terra", e encontrar o marco ZERO do Caminho é sentir que a missão foi cumprida. Mas, muito mais que isso, é deslumbrar a beleza desta pontinha de terra que avança no mar e que, há milhares de anos, significava o fim de tudo, um lugar místico cuja crença de quem peregrinava até lá era queimar suas roupas para "nascer de novo", com as forças e a vida renovadas. Costume que até hoje, alguns peregrinos ainda preservam: depois da Chegada a Compostela seguir até Finisterra, queimar alguma peça de roupa ou mesmo deixar algo pessoal por lá, além de contemplar a paisagem belíssima do lugar e, claro, aproveitar as vibrações positivas da nova vida que parece mesmo começar ali. E assim, também o fizemos!

Segue abaixo algumas fotos para ilustrar, desejando que a força que emana deste local tenha sido captada nas lentes de nossa máquina fotográfica e transmitida para quem lê este post, já que o pensamento e o sentimento formam a energia mais poderosa que todas as pessoas podem trocar!




sexta-feira, 2 de julho de 2010

A Emoção da Chegada

Mais uma manhã ensolarada e de temperatura agradável foi o primeiro presente deste último trecho rumo a Compostela. De Arzua, cerca de 40 quilômetros até Santiago, partimos bem cedinho. Os Bosques, que haviam nos acolhido no dia anterior, agora eram uma visão mais que especial, pois os raios do sol refletindo ao chão, transformavam o Caminho num campo iluminado, como um Campo de Estrelas...

Muitos peregrinos, já no Caminho, tentariam chegar até Catedral e cumprir com seus objetivos ainda neste mesmo dia, entre eles um casal de peregrinos gaúchos e de Porto Alegre (vejam só!), com os quais conseguimos conversar um pouco e compartilhar experiências.

A primeira emoção se deu ao chegar no alto do Monte do Gozo, de onde podemos ter a primeira vista das torres da Catedral de Santiago. É um instante mágico e de grande alegria para todos os peregrinos, que a esta altura, estão sensibilizados por toda a superação dos obstáculos, pelos amigos conquistados, pela fé renovada. Como o próprio nome sugere, há muito que se compartilhar no alto deste "monte da felicidade".

Chegamos como de costume, seguindo as setas amarelas. De repente estávamos em meio ao centro antigo da cidade e pelas ruas já se escutava uma bela canção tocada com gaita de Foles, outra tradição na galícia. O coração começou a bater mais forte, porque dali a alguns minutos estaríamos chegando o nosso destino.

E assim aconteceu: chegamos em meio a muitas pessoas, e nos posicionamos a frente da Catedral. A emoção tocou forte; lágrimas e sorrisos; felicidade e até uma certa saudade...O final do Caminho havia chegado e agora estávamos ali, prontos para vivenciar muitas tradições que há milhares de anos, cada peregrino cumpre ao chegar a Compostela. Contemplar a Catedral ainda na Praça do Obradoiro deitados ao chão, abraçar a imagem do Santo, assistir a Missa do Peregrino, apresentar a Credencial selada e receber a Compostela (o Diploma do Caminho), enfim tantas outras que fazem parte desta tradição peregrina.

Aos leitores que acompanharam esta aventura, ainda aguardem mais fotos e outros "posts", já que o Caminho, como já mencionado aqui, não termina em Santiago, embora este momento seja o mais importante e emocionante para o peregrino. Em breve estarei contando sobre o último trajeto: até Finisterre, o fim da Terra!

Hasta Luego!
















quinta-feira, 1 de julho de 2010

Entre Bosques e Hórreos: tradição do Caminho na Galícia

Dia de muito sol e calor. E, por este motivo, contemplar a beleza do Caminho nesta parte da Galicia com paisagens que se alternavam entre povoados rurais e bosques com vegetação intensa, fizeram do Caminho um passeio inesquecível!

Nesta fase da jornada tudo já fica mais belo por si só, já que Compostela está mais perto do que nunca e muitos marcos no Caminho fazem a contagem de quilômetros regressiva para o grande momento.

Entre tantas imagens deste dia, uma forte característica da região pode se observar nas construções galegas. Os "hórreos", pequenos silos domésticos para o armazenamento de grãos, são presença constante pela tradição e pelo modelo de arquitetura muito antiga. Parecendo pequenas casas construídas sobre pilares, com cruzes e símbolos, estas construções são marca na Galícia, presente inclusive no artesanato turístico de povoados e pequenas cidades.

Sendo o penúltimo dia de pedalada, uma mistura de alegria e tristeza nos envolve no momento...O Caminho está no fim e agora, mais do que nunca, nos tornamos peregrinos de verdade...