segunda-feira, 15 de agosto de 2011

sexta-feira, 25 de fevereiro de 2011

Peregrinando por outros Caminhos

Prezados Visitante e Amigos,

Já se passaram quase 7 meses de nosso retorno do Caminho de Santiago. A cada dia, as lembranças são mais persistentes e nos deixam muito felizes e realizados. Não há dúvida que foi um privilégio ter vivido tantos momentos...

Pedimos desculpas pelo sumiço no Blog. A vida continua e muitas vezes não conseguimos nos dedicar a tudo que gostaríamos. Mas agora, mesmo um tanto atrasados, estamos por aqui novamente para agradecer todas as visitas e os comentários. Ficamos lisongeados e contentes em poder contribuir pela divulgação deste Caminho que é uma lição para a vida para qualquer um que por ele se aventure, e deste Caminho que agora também fazemos parte.

Estamos sempre a disposição de todos para possíveis esclarecimentos, dicas ou qualquer dúvida relacionada a este assunto. Nosso contato (on line) pode ser acessado através de lu.ie@hotmail.com ; é só acessar!

As setas amarelas continuam aparecendo para nós...Não nos cansamos de viver intensamente procurando surpreender-se em cada volta nos Caminhos da Vida.

Uma vez peregrino a Santiago, peregrino para toda a Vida

Ultreya!


*Abaixo algumas fotos de nossas peregrinações aqui por perto mesmo, mais precisamente em Viamão cerca de 25km de Porto Alegre.


Postado por Luciana



quarta-feira, 14 de julho de 2010

Se o Fim do Mundo fosse assim...







Chegar a Finisterra, o "Fim da Terra", e encontrar o marco ZERO do Caminho é sentir que a missão foi cumprida. Mas, muito mais que isso, é deslumbrar a beleza desta pontinha de terra que avança no mar e que, há milhares de anos, significava o fim de tudo, um lugar místico cuja crença de quem peregrinava até lá era queimar suas roupas para "nascer de novo", com as forças e a vida renovadas. Costume que até hoje, alguns peregrinos ainda preservam: depois da Chegada a Compostela seguir até Finisterra, queimar alguma peça de roupa ou mesmo deixar algo pessoal por lá, além de contemplar a paisagem belíssima do lugar e, claro, aproveitar as vibrações positivas da nova vida que parece mesmo começar ali. E assim, também o fizemos!

Segue abaixo algumas fotos para ilustrar, desejando que a força que emana deste local tenha sido captada nas lentes de nossa máquina fotográfica e transmitida para quem lê este post, já que o pensamento e o sentimento formam a energia mais poderosa que todas as pessoas podem trocar!




sexta-feira, 2 de julho de 2010

A Emoção da Chegada

Mais uma manhã ensolarada e de temperatura agradável foi o primeiro presente deste último trecho rumo a Compostela. De Arzua, cerca de 40 quilômetros até Santiago, partimos bem cedinho. Os Bosques, que haviam nos acolhido no dia anterior, agora eram uma visão mais que especial, pois os raios do sol refletindo ao chão, transformavam o Caminho num campo iluminado, como um Campo de Estrelas...

Muitos peregrinos, já no Caminho, tentariam chegar até Catedral e cumprir com seus objetivos ainda neste mesmo dia, entre eles um casal de peregrinos gaúchos e de Porto Alegre (vejam só!), com os quais conseguimos conversar um pouco e compartilhar experiências.

A primeira emoção se deu ao chegar no alto do Monte do Gozo, de onde podemos ter a primeira vista das torres da Catedral de Santiago. É um instante mágico e de grande alegria para todos os peregrinos, que a esta altura, estão sensibilizados por toda a superação dos obstáculos, pelos amigos conquistados, pela fé renovada. Como o próprio nome sugere, há muito que se compartilhar no alto deste "monte da felicidade".

Chegamos como de costume, seguindo as setas amarelas. De repente estávamos em meio ao centro antigo da cidade e pelas ruas já se escutava uma bela canção tocada com gaita de Foles, outra tradição na galícia. O coração começou a bater mais forte, porque dali a alguns minutos estaríamos chegando o nosso destino.

E assim aconteceu: chegamos em meio a muitas pessoas, e nos posicionamos a frente da Catedral. A emoção tocou forte; lágrimas e sorrisos; felicidade e até uma certa saudade...O final do Caminho havia chegado e agora estávamos ali, prontos para vivenciar muitas tradições que há milhares de anos, cada peregrino cumpre ao chegar a Compostela. Contemplar a Catedral ainda na Praça do Obradoiro deitados ao chão, abraçar a imagem do Santo, assistir a Missa do Peregrino, apresentar a Credencial selada e receber a Compostela (o Diploma do Caminho), enfim tantas outras que fazem parte desta tradição peregrina.

Aos leitores que acompanharam esta aventura, ainda aguardem mais fotos e outros "posts", já que o Caminho, como já mencionado aqui, não termina em Santiago, embora este momento seja o mais importante e emocionante para o peregrino. Em breve estarei contando sobre o último trajeto: até Finisterre, o fim da Terra!

Hasta Luego!
















quinta-feira, 1 de julho de 2010

Entre Bosques e Hórreos: tradição do Caminho na Galícia

Dia de muito sol e calor. E, por este motivo, contemplar a beleza do Caminho nesta parte da Galicia com paisagens que se alternavam entre povoados rurais e bosques com vegetação intensa, fizeram do Caminho um passeio inesquecível!

Nesta fase da jornada tudo já fica mais belo por si só, já que Compostela está mais perto do que nunca e muitos marcos no Caminho fazem a contagem de quilômetros regressiva para o grande momento.

Entre tantas imagens deste dia, uma forte característica da região pode se observar nas construções galegas. Os "hórreos", pequenos silos domésticos para o armazenamento de grãos, são presença constante pela tradição e pelo modelo de arquitetura muito antiga. Parecendo pequenas casas construídas sobre pilares, com cruzes e símbolos, estas construções são marca na Galícia, presente inclusive no artesanato turístico de povoados e pequenas cidades.

Sendo o penúltimo dia de pedalada, uma mistura de alegria e tristeza nos envolve no momento...O Caminho está no fim e agora, mais do que nunca, nos tornamos peregrinos de verdade...









quinta-feira, 24 de junho de 2010

Pedra sobre Pedra

Os dias passam a ficar mais "secos", mas ainda parece que o inverno, em quase verão, não dá uma trégua. O clima continua frio, é verdade, mas o sentimento dos peregrinos parece começar a aquecer, já que apesar do sobe e desce no Caminho, Compostela vai ficando cada vez mais perto.

Deste trajeto, além dos típicos povoados rurais, podemos destacar três cidades um pouco maiores, sendo Sarria e Samos, esta última com um mosteiro muito bonito onde tiramos algumas fotos e principalmente Portomarín, a cidade transladada.

Portomarín, devido ao seu patrimônio arquitetônico foi declarada um Conjunto histórico Cultural da Humanidade em 1946. Vinte anos depois, em 1966, por conta da construção da Represa de Belesar, foi ordenada a "mudar-se" para mais acima do morro ao seu redor, já que suas águas inevitavelmente inundariam toda construção na cidade antiga. E assim se fez: quem visita a cidade, fica imaginando o esforço de seus moradores em transferir pedra a pedra todos os monumentos, em especial a Igreja-fortaleza de San Nícolas.

Pernoitamos por aqui, no Hotel Villa Jardín, vivenciando cada história e cada surpresa do Caminho rumo a Santiago de Compostela.


Sarria



Samos





Portomarín




quarta-feira, 23 de junho de 2010

O temível, o Enigmático, o Inesquecível: O Cebreiro

"Num gélido inverno do ano de 1300, um
sacerdote beneditino estava celebrando a
Santa Missa numa capela lateral na igreja
do convento de O Cebreiro. Ele pensava que
naquele dia tão cruel que nevava abundantemente
e o vento era insuportável, ninguém teria
coragem de sair de casa para ir à Missa, mas se
equivocava. Um camponês de Barxamaior,
chamado Juan Santín, subiu ao convento para
participar da Missa. O sacerdote celebrante que
não acreditava na presença real de Cristo no
Santíssimo Sacramento, olhou com desdém o
sacrifício e a boa vontade do camponês e com
esse sentimento começou a celebrar a Missa.
Assim que ele pronunciou as palavras da
consagração, a Hóstia se converteu em Carne e
o vinho em Sangue que começou a transbordar
do Cálice manchando o Corporal. Parece que
até a cabeça da estátua de Nossa Senhora
abaixou-se em sinal de adoração no momento
do Milagre. O povo hoje chama a estátua
“Nossa Senhora do Santo Milagre”. O Senhor
quis abrir os olhos do sacerdote incrédulo
que tinha duvidado e recompensar a grande
devoção do camponês."


Durante quase duzentos anos
a Hóstia transformada em Carne ficou
guardada em cima da Patena; mas numa
peregrinação da Rainha Isabel a Santiago de
Compostela, ela passou por O’Cebreiro e
tomou conhecimento do Milagre e mandou
confeccionar um valioso Relicário de cristal,
sob medida, para guardar a Hóstia Milagrosa.
Atualmente a Hóstia, o Cálice e a Patena,
podem ser venerados na igreja do Milagre.

E é com esta história incrível de fé e milagre que abrimos este post.



O Cebreiro é um lugar muito misterioso, enigámatico, incomparável e único para o peregrino rumo a Santiago. Além da história de milagre, o visual totalmente diferente de sua arquitetura, caracterizadas pelas palhozas, antigas habitacões celtas, dão a sensação de que o tempo parou há milhares de anos.



Como poderão ver nas fotos abaixo, o clima ainda contribuiu para esta atmosfera de encantamento quando chegamos por lá.



O Cebreiro foi e sempre será para nós, como para todos os peregrinos que o visitam, um milagre a parte.




domingo, 20 de junho de 2010

Determinação de ferro

Neste trecho do Caminho, entre Astorga e Ponferrada o traçado faz uma transição entre as planícies do Páramo para as constantes subidas e descidas dos Montes de León, o que torna o caminho duro mas não menos belo.

O dia amanheceu de cara fechada e o frio durante a subida até a Cruz de Ferro, a uma altitude de 1.504m, necessitou uma determnação de ferro também. Neste ponto emblemático do Caminho deixamos nossa medalha presa ao poste onde se encontra a cruz. A vista é impressionate devido ao morro de pedras que se formou em torno da cruz, pedras estas que cada peregrino deixa como marca de sua passagem, bem como outros pertences presos ao poste, como manda a tradição.

Logo que começamos a descer, conhecemos o povoado de El Acebo, um pueblo considerado como mágico por druidas e celtas, cujo aspecto diferente de suas antigas construções fazem deste lugarejo uma lembrança também inesquecível, bem como Manjarín, seguindo logo abaixo cujo pueblo vive apenas uma pessoa, que se entitula o último templário.

Passamos também por Molinaseca, "um oásis no Caminho" como diz a placa na chegada da cidade. Fizemos algumas fotos também deste belo vilarejo.

Por fim, chegamos a Ponferrada onde pernoitamos. O Castelo é, sem dúvida, a visão mais imponente do lugar. Já falamos sobre ele no post "A Herança Templaria", no mês de abril, mas ainda assim vale ressaltar que é uma obra magnífica que emociona pela sua história e seu mistério.

A cada dia mais e mais surpresas surgem ao corpo e a alma. Determinação de ferro e coração aberto é o segredo de se aproveitar bem o Caminho que, repito, é sempre muito difícil e sobretudo muito especial!